Sometimes the challenge is not to fill positions. For example, when the existing ones do not fit, it is necessary to create something new. Denilson Baniwa is an Indigenous artist; he is Indigenous and he is an artist, and his being Indigenous leads him to invent another way of making art, where processes of imagining and making are necessary interventions in a historical dynamic (the history of colonization of the Indigenous territories we now know as Brazil) and are interpellations to those who encounter him to embrace their responsibilities.
Às vezes o desafio não é ocupar posições. Por exemplo, quando as que existem não servem, é necessário criar algo novo. Denilson Baniwa é um artista indígena; é indígena e é artista, e seu ser indígena lhe leva a inventar um outro jeito de fazer arte, onde processos de imaginar e fazer são por força intervenções em uma dinâmica histórica (a história da colonização dos territórios indígenas que hoje conhecemos como Brasil) e interpelações a aqueles que o encontram a abraçar suas responsabilidades.
Pedro Cesarino is professor of the Department of Anthropology at the University of São Paulo, Brazil. He has published several articles and books, including Oniska – poetics of shamanism in the Amazon (Ed. Perspectiva, 2011), When the Earth ceased to speak – chants of Marubo mythology (Ed. 34, 2013) and Cultural policies and indigenous peoples, with Manuela Carneiro da Cunha (Ed. Cultura Acadêmica, 2014). He is the author of the novel Rio Acima (Companhia das Letras, 2016), recently translated as L’attrapeur d’oiseaux by Payot/Rivages (2022).
Pedro Cesarino é professor do Departamento de História da Arte da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Publicou vários artigos e livros, inclusive Oniska: Poética do Xamanismo na Amazônia (Ed. Perspectiva, 2011), Quando a Terra deixou de falar: cantos da mitologia marubo (Ed. 34, 2013) e Políticas culturais e povos indígenas com Manuela Carneiro da Cunha (Ed. Cultura Acadêmica, 2014). É autor do romance Rio Acima (Companhia das Letras, 2016), recentemente traduzido como L’attrapeur d’oiseaux por Payot/Rivages (2022).
Jamille Pinheiro Dias is a Research Associate in the Cultures of Anti-Racism in Latin America project at the University of Manchester. Her studies involve Indigenous arts in the Americas, social and environmental activism, Amazonian cultural production, and translation studies. She was a postdoctoral fellow at the Department of Modern Languages at the University of São Paulo, where she also received a PhD in English, and a visiting researcher in Iberian and Latin American Cultures at Stanford University. Besides her engagement in research and teaching, she has translated works by Marilyn Strathern, Gayle Rubin, Judith Butler, Alfred Gell and Eduardo Viveiros de Castro, among others.
Jamille Pinheiro Dias é atualmente pesquisadora associada do projeto Culturas do Antirracismo na América Latina, na Universidade de Manchester. Seus interesses de pesquisa abrangem as artes indígenas nas Américas, o ativismo social e ambiental, a produção cultural amazônica e os estudos de tradução. Ela desenvolveu uma pesquisa de pós-doutorado no Departamento de Letras Modernas da Universidade de São Paulo, onde também obteve doutorado, e foi pesquisadora visitante em Culturas Latino-Americanas e Ibéricas na Universidade de Stanford. Além de se dedicar à pesquisa e ao ensino, traduziu trabalhos de Marilyn Strathern, Gayle Rubin, Judith Butler, Alfred Gell e Eduardo Viveiros de Castro, dentre outros.
Glenn Shephard is an ethnobotanist, anthropologist, photographer and film maker, currently a research associate at the American Museum of Natural History in New York and staff researcher at the Goeldi Museum in Brazil. He has written on topics ranging from shamanism to human ecology to indigenous modernity. He has made several films including the Emmy-Award-winning “Spirits of the Rainforest,” and more recently “Zapatista Chronicle.” He is currently working on a book entitled “Sorcery and the Senses.”
Sabemos de fato quem somos? Quantas vezes nos olhamos no espelho e identificamos ali nossos traços ancestrais? Algumas pessoas criam uma imagem que não as representam, mas que são aceitas pela sociedade ou por vezes preferem, simplesmente, quebrar o espelho e não se encarar. Muitas vezes esse espelho foi quebrado pela fotógrafa Marcela Bonfim, paulistana da cidade de Jaú, 38 anos, hoje reconhecida como mulher negra e moradora na cidade de Porto Velho, em Rondônia há 11 anos.
Formada em economia pela PUC-SP, a militante pela causa das populações negras e povos tradicionais era outra Marcela até os 25 anos. Ela se considerava uma negra embranquecida, acreditava no discurso da meritocracia. Ouvia dos pais que se estudasse conseguiria ter um bom emprego e ser feliz. Também baseado nesse discurso criticava as políticas de ações afirmativas, como as cotas raciais, e dizia que eram mais uma demonstração de preconceito e racismo, palavra essa que não enxergava dentro da sua realidade.
Marcela vestia por cima da pele alguns disfarces para ser aceita. Na turma do colégio recebeu o título de a mais engraçada, era a palhaça da sala de aula, a mais risonha, e assim a economista levou a vida. Acreditou em um mundo possível, com portas abertas e livre circulação, sem nenhum impedimento. Mas ela se enganou e foi durante a busca pelo primeiro emprego que o mundo dela ruiu e os disfarces não funcionavam mais, a cor da sua pele agora estava amostra.
Já em Rondônia, para enfrentar sua negritude, Marcela comprou um máquina fotográfica, em 2012, e começou a fotografar homens, mulheres, crianças, jovens e velhos negros e negras na Amazônia em comunidades quilombolas, rituais de terreiros de candomblé, festejos religiosos, penitenciárias. O registro também buscou retratar o negro em seu emprego, na grande maioria exercido em atividades domésticas.
As lentes também captaram a resistência pela preservação da cultura e costumes e a beleza da estética negra. A fotografia foi um resgate da própria identidade de Marcela enquanto mulher negra e foi na Amazônia que ela “enfrentou” a cor de sua pele.
Conheça mais sobre os seus processo: www.amazonianegra.com.br www.madeiradedentro.com www.fotografiaemtempoeafeto.com
Lilian Campelo
Brasil de Fato | Belém (PA) | 18 de Outubro de 2016
Luiz Braga was born in Belém (Pa) in 1956, where he currently lives and works. He earned a degree in Architecture, but has never practiced. A photographer since 1975, his first exhibitions included scenes of dance, nudity, architecture, and portraits. In 1981, he discovered the vibrant colors of the Amazonian popular visuality and began to travel through the region deepening his research about the culture of the periphery. His approach avoids the stereotyped and superficial visions of the region and, with command of color, transforms them into references in Brazilian contemporary photography. Braga has created over 200 individual and collective exhibitions in Brazil and abroad. His works can be found in important public and private archives. In 2009, he represented Brazil in the 53rd Venice Biennale. Recently, he developed the project Periferia Ribeirinha de Belém – Uma Paisagem de Resistência, which marks his return to the universe of the popular culture of his homeland.
Luiz Braga (1956) nasceu, vive e trabalha em Belém (Pa). Graduou-se em Arquitetura, mas nunca exerceu. Fotógrafo desde 1975, suas primeiras exposições eram compostas de cenas de dança, nus, arquitetura e retratos. Em 1981, descobre as cores vibrantes da visualidade popular da Amazônia e viaja pela região aprofundando sua pesquisa sobre a cultura da periferia. Sua abordagem passa ao largo das visões estereotipadas e superficiais sobre a região e junto com o domínio da cor o transformaram em referência na fotografia brasileira contemporânea. Realizou mais de 200 exposições entre individuais e coletivas no Brasil e no exterior. Suas obras estão presentes em importantes acervos privados e públicos. Em 2009 representou o Brasil na 53a Bienal de Veneza. Recentemente desenvolveu o projeto Periferia Ribeirinha de Belém – Uma Paisagem de Resistência, que marca seu retorno ao universo da cultura popular de sua terra.
Mari Corrêa is a Brazilian filmmaker and founder of the Catitu Institute (Instituto Catitu), where she initiated a pioneer audiovisual training project in Brazil for indigenous women to value women’s empowerment. She started her audiovisual work with indigenous communities in 1992 in the Xingu Indigenous Land, in Brazil. She introduced a new methodology for the training of indigenous filmmakers and produced about 40 indigenous films. She coordinated around 50 audiovisual training workshops for more than 20 indigenous peoples. In 2009 she developed a specific audiovisual training methodology for indigenous women.
Mari Corrêa é cineasta e fundadora do Instituto Catitu onde iniciou o projeto pioneiro de capacitação das mulheres indígenas no uso do audiovisual para potencializar seu protagonismo e valorizar os saberes femininos. Mari iniciou seu trabalho com comunidades indígenas em 1992, no Parque Indígena do Xingu e desenvolveu a metodologia de formação de cineastas indígenas, produzindo cerca de 30 filmes de autoria indígena. Seus principais filmes são Xingu, o Corpo e os Espíritos, premiado no Festival der Jean Roch em Paris – “Bilan du Film Ethnographique”; Voix Indiennes, coproduzido com TV ARTE (França/Alemanha), Para onde foram as andorinhas?, coprodução com o Instituto Socioambiental e Pirinop – Meu Primeiro Contato, agraciado com dezoito prêmios nacionais e internacionais (www.institutocatitu.org.br).
Takumã Kuikuro is a Kuikuro Indigenous filmmaker and currently lives in the Ipatse village, in Xingu Indigenous Park, Brazil. He directed the documentaries Karioka (2014), The Hyperwomen (2011) with Leonardo Sette and Carlos Fausto, and The Smell of pequi (2007), among others. His films have been recognized at festivals such as Gramado and Brasília, and at Presence Autochtone de Terres in Vues, in Montréal. His work has also been shown on Netflix. In 2017, he received the Honorary Scholarship from Queen Mary University of London. In 2019 he was the first Indigenous juror of the Brazilian Film Festival in Brasília.
Takumã Kuikuro é cineasta, membro da aldeia indígena Kuikuro, e atualmente vive na aldeia Ipatse, no Parque Indígena do Xingu. Dirigiu o documentário As hiper mulheres (2011), junto a Leonardo Sette e Carlos Fausto. Teve filmes premiados em festivais como os de Gramado e Brasília, e no Presence Autochtone de Terres em Vues, em Montréal. Em 2017, recebeu o prêmio honorário Bolsista da Queen Mary University London. E foi, em 2019, o primeiro jurado indígena do Festival de Cinema Brasileiro de Brasília.
A journalist and documentary filmmaker from the state of Pará, Débora McDowell works on productions that address contemporary debates on gender, community and territory, such as the feature film Transamazonia (2019), the documentary mini-series Tapume (2017), and the short documentary Terras Imensas como Nós (Immense Lands like Us), currently being finalized. The search for identities erased by the colonization process is what has driven her initiatives as a screenwriter, director and producer. She is one of the founding members of Muamba Estúdio, a film production company that has developed projects looking at the complex reality of the Amazonian region.
Jornalista e documentarista do estado do Pará, Débora McDowell realiza produções permeadas por debates contemporâneos de gênero, comunidade e território, como no longa Transamazonia (2019), a mini-série documental Tapume (2017) e o curta documentário Terras Imensas como Nós, em fase de finalização. A busca por nossas identidades apagadas no processo de colonização é o que tem impulsionado minhas realizações como roteirista, diretora e produtora. Nossa equipe do Muamba Estúdio tem desenvolvido projetos que têm um olhar sobre a complexa realidade da nossa região – que além da floresta, é habitada por mais de 18 milhões de pessoas.
Pedro Peloso is an award-winning field biologist and nature photographer with a passion for wildlife and wild places. He studies and documents the diversity of amphibians and reptiles around the World, with a focus on new, rare, and threatened species. Through his work he has discovered and named over 30 new species of animals, most of which from Amazonia. Pedro is the founder and director of the Documenting Threatened Species (DoTS) project, a bold initiative that combines science, art and storytelling to promote the conservation of endangered species in Brazil. Pedro is a National Geographic Explorer, Director of a conservation-oriented NGO in Brazil (Instituto Boitatá), and a Research Associate at Museu Paraense Emílio Goeldi (Belém, Brazil) and California State University (Cal Poly Humboldt, Arcata, CA).
Pedro Peloso é biólogo e fotógrafo de natureza. Seu trabalho, focado estudo e documentação da diversidade de anfíbios e répteis em florestas tropicais, é premiado mundialmente. Pedro já descobriu e nomeou mais de 30 espécies novas de animas, a maioria na Amazônia brasileira. Em 2018 fundou o projeto DoTS (Documenting Threatened Species), uma iniciativa inovadora e ambiciosa que combina pesquisa, arte e comunicação cientifica para promover a conservação de espécies ameaçadas de extinção. Seu trabalho já foi destaque em meios como a National Geographic, BBC, Globo, entre outros. Pedro é Explorador da National Geographic, Diretor do Instituto Boitatá (ONG da área da conservação ambiental), além de pesquisador associado do Museu Paraense Emílio Goeldi (Belém, Brasil) e da California State University (Humboldt, E.U.A.).
Marina Bedran is Assistant Professor of Lusophone Literatures and Cultures at Johns Hopkins University. She works on Brazilian literature and visual culture from the nineteenth century to the present, emphasizing exchanges between Latin American and the Lusophone world. Her research and publications have examined media, visual and conceptual arts, environmental humanities, indigeneity, feminist filmmaking, and the correspondence of Robert Louis Stevenson and Henry James, which she translated to Portuguese. Her current book project explores questions of political ecology, indigeneity, and temporality in experimental media-based art and writing, demonstrating how Brazilian artists, writers, and filmmakers since the postwar staked out a critique of state-led modernization projects and developmentalism by turning to Amazonia.
Ian Erickson-Kery is a Ph.D Candidate in Romance Studies at Duke University. His dissertation, Contested Territories: The Aesthetics and Politics of Urban Design in Mexico City and São Paulo, 1963-88, examines points of contact among architects, filmmakers, and visual artists working in peripheral urban zones in the wake of modernist planning projects. He is currently a Fulbright-García Robles Researcher at Universidad Nacional Autónoma de México, and has been supported by the Henry Luce Foundation, the Kenan Institute for Ethics, the Mellon Humanities Unbounded Initiative, and a James B. Duke Fellowship.
Lúcia Sá is Professor of Brazilian Studies at the University of Manchester, UK. She is the author of Reading the Rainforest: Amazonian Texts and Latin American Culture (Minnesota UP: 2004); Life in the Megalopolis: Mexico City and São Paulo (Routledge: 2007) and several articles about Brazilian and Spanish American Culture. She is co-investigator in the project ‘Cultures of Anti-Racism in Latin America’ (Arts and Humanities Research Council, UK).
Victoria Saramago is an assistant professor of Hispanic and Luso-Brazilian Studies at the Department of Romance Languages and Literatures at the University of Chicago. Her research interests include twentieth- and twenty-first-century Latin American literatures and cultures with a focus on narrative, the environmental humanities, the energy humanities, the Great Acceleration and the Anthropocene, fiction theory, mimesis, and interdisciplinary approaches to literature and the environment. She is the author of Fictional Environments: Mimesis, Deforestation, and Development in Latin America (Northwestern University Press, 2021). She is currently co-editing two books: The Handbook of Latin American Environmental Aesthetics (under contract with De Gruyter) with Jens Andermann and Gabriel Giorgi; and Literature Beyond the Human: Post-Anthropocentric Brazil (forthcoming with Routledge) with Luca Bacchini. She is also the author of O duplo do pai: O filho e a ficção de Cristovão Tezza (É Realizações, 2013), and her articles have been published or are forthcoming in journals such as Novel: A Forum on Fiction, Revista Hispánica Moderna, and Luso-Brazilian Review, among others.
Victoria Saramago é professora adjunta de Estudos Hispânicos e Luso-Brasileiros na Universidade de Chicago. É autora de Fictional Environments: Mimesis, Deforestation, and Development in Latin America (Northwestern University Press, 2021) e de O duplo do pai: o filho e a ficção de Cristovão Tezza (É Realizações, 2013), além de inúmeros artigos e capítulos de livros publicados no Brasil e nos Estados Unidos, entre outros países.